Fatos e Números

A palavra enxaqueca vem do grego "hemicrania", que significa "dor em metade da cabeça", devido à dor penetrante e/ou latejante que se sente com frequência num dos lados da cabeça. A referência às enxaquecas remonta a 4.000 anos atrás, surgindo inclusivamente em textos bíblicos.

  • A enxaqueca é a doença neurológica mais frequente nos países desenvolvidos, mais frequente ainda do que a asma, a epilepsia e a diabetes em conjunto.
  • Em termos mundiais, a percentagem de homens e mulheres que sofre de enxaquecas é de cerca de 15 por cento.
  • No Reino Unido, quase seis milhões de pessoas têm enxaquecas.

Apesar da sua prevalência, ainda são muitos os mitos e as conceções erróneas associados às enxaquecas; por exemplo, muitas pessoas estão convencidas de que são só as mulheres que delas padecem; outros creem que as pessoas afetadas simplesmente são hipocondríacas. De fato, são poucas as pessoas que tomam a doença a sério, a não ser que elas próprias já tenham sofrido dela. Embora a dor associada à enxaqueca seja lancinante e possa prejudicar significativamente a qualidade de vida, a maioria das pessoas que vive com enxaquecas sofre em silêncio.


  • Apenas cerca de 40 por cento dos doentes de enxaqueca é corretamente diagnosticado.
  • 70 por cento destes pacientes não recebe um tratamento apropriado.
  • Mais de 50 por cento dos afetadaos não vai ou deixou de ir ao médico.

Diferentes tipos de enxaqueca

Se bem que não haja dois pacientes a sofrer exatamente dos mesmos sintomas, a Sociedade Internacional de Cefaleias (IHS) elaborou uma classificação das enxaquecas, para distinguir a sua sintomatologia dos sintomas das outras cefaleias. As duas formas mais frequentes de enxaqueca são a enxaqueca ‘simples’ ou enxaqueca sem aura e a enxaqueca ‘clássica’, ou enxaqueca com aura.

A aura é o termo médico usado para descrever uma série de sintomas neurológicos que podem acompanhar a enxaqueca; os mais frequentes são as perturbações visuais, mas podem ocorrer também sensações de entorpecimento ou formigueiro, tonturas e até falta de equilíbrio ou vertigem.

Enxaqueca ‘simples’ (enxaqueca sem aura)

A maioria dos pacientes de enxaqueca, à volta de 85 por cento, padece de enxaqueca sem aura. Os sintomas são dores de cabeça intensas e recorrentes, que ocorrem na maior parte dos casos num dos lados da cabeça, podendo mudar de lado durante a crise ou de uma crise para a seguinte ou inclusive alastrar gradualmente por toda a cabeça.

Na enxaqueca ‘simples’, a dor penetrante e latejante é em geral acompanhada por náuseas, vómitos e hipersensibilidade à luz, ao ruído e aos odores. Os ataques podem durar entre 4 e 72 horas. Durante um ataque de enxaqueca, o doente muitas vezes não tem outra alternativa senão repousar numa divisão às escuras até os sintomas abrandarem.

Enxaqueca ‘clássica’ (enxaqueca com aura)

Para cerca de 15 por cento dos afetados, o verdadeiro início do ataque de enxaqueca é a aura. Esta fase caracteriza-se por uma série de sintomas neurológicos (sintomas de aura), que costumam aumentar rapidamente no espaço de 5 a 20 minutos e duram entre 30 e 60 minutos.


As quatro fases da enxaqueca

O ataque de enxaqueca divide-se em quatro estágios distintos, que variam em intensidade de paciente para paciente e podem mudar ao longo do tempo.

Fase premonitória

O ataque de enxaqueca anuncia-se normalmente algumas horas ou dias antes, através de sensações de cansaço, irritabilidade, euforia, perda ou aumento de apetite e/ou menor capacidade de lidar com os problemas do dia-a-dia.

Fase da aura

Para cerca de 15 por cento dos afetados, o verdadeiro início do ataque de enxaqueca é a aura. Esta fase é caracterizada por uma série de sintomas neurológicos, entre os quais se incluem problemas de visão, perda de concentração e dificuldades da fala, sintomas sensoriais como parestesias e sensação de desconforto num lado do corpo. Os sintomas costumam aumentar rapidamente no espaço de 5 a 20 minutos e duram entre 30 e 60 minutos.

Fase de cefaleia (ataque principal)

Este estágio consiste numa forte dor de cabeça, que em certos pacientes pode ser acompanhada por outros sintomas, como náuseas ou vómitos e diarreia. Dado que os estímulos sensoriais quotidianos como a luz solar ou a música agravam a dor, muitos doentes refugiam-se numa divisão tranquila e às escuras. Sem tratamento, este estágio pode durar entre 4 e 72 horas.

Fase de recuperação (pósdromo)

Durante esta fase, os sintomas das enxaquecas remitem lentamente; no entanto, muitos pacientes sentem-se completamente exaustos e de mau humor e chegam a ter dificuldades de concentração durante os dois dias seguintes à crise.

O que os quatro estágios de enxaqueca não incluem é o medo de novos ataques, que muitos pacientes experimentam durante os intervalos sem dor. Na pior das hipóteses, este medo pode adquirir caráter permanente e conduzir a um sentimento de ansiedade constante, que interfere com a vida familiar do doente, as suas relações, a sua carreira e os seus tempos livres.